MEU PRIMEIRO EXAME DE PRÓSTATA


O exame de próstata é um marco na vida de um homem.

Sim, aquele do dedo.

No reto!

Preocupadíssimo que sou com minha saúde, aos vinte já perguntava para meu velho médico de família:


- Doutor, quando deverei fazer o exame?


- Calma – dizia ele – esse é o tipo de preocupação que você só vai ter após os quarenta.

Com quarenta completos eu, com um novo médico (o outro já era velho há vinte anos atrás, lembra?) e ainda preocupadíssimo com minha saúde, voltei a questionar:

- Já tá na hora, doutor? Sabe como é, já estou com quarenta anos...!

- Só depois dos quarenta e cinco – disse ele!

E dá-lhe espera...

No dia seguinte ao meu aniversário de quarenta e cinco anos, eu já estava no consultório com hora marcada. Meu jovem médico havia me indicado um urologista – que é o especialista em tratar dos problemas da próstata. Joguei seu nome no Google, como sempre faço, a fim de saber algo sobre ele. É sempre interessante fazer esse tipo de busca, pois nos dá uma idéia de onde o cara trabalha, de quais sociedades participa, que tipo de formação ele teve... alguma informação sempre rola! Acabei caindo num site que dava todo tipo de informação sobre o tal urologista. Quase um currículo do doutor, com foto e tudo!

Fui com a cara dele e marquei a consulta.

Chegando ao consultório, algumas pessoas na sala de espera pareciam já saber que, dentro de instantes, eu seria “dedado”. Por sorte (ou milagre), a recepcionista demorou menos de dois minutos para me fazer entrar na sala do tal doutor.

Eu me perguntava como rolaria o exame. Ele me contaria uma piada para descontrair? Mandaria eu apoiar em sua mesa? Deitar de quatro? Como seria, afinal??? 

Entre o “boa tarde” e o “alguém da sua família sofreu da próstata?” foram quinze segundos. Entre o “pode baixar suas calças, deitar nessa maca e dobrar os joelhos” e a dedada em si foram mais quarenta e cinco. Fiquei pasmo em ver a habilidade do médico em vestir uma luva cirúrgica elástica em menos de cinco segundos. Acredito que ele também tenha ficado pasmo em ver que, no mesmo curto espaço de tempo, consegui desabotoar meu jeans e baixá-lo.

Sabe aquela sensação de tomar uma injeção e não sentir a picada? Fiquei decepcionado com a rapidez profissional do doutor-urologista. Eu achava que, dada a importância do exame retal, ele deveria ser mais... mais profundo... Mais demorado e, por quê não dizer, mais... “especulativo”!

Quase gritei ao médico algo do tipo: “o senhor enfie esse dedo aí novamente e faça uma pesquisa mais ampla. Em tão pouco tempo, não daria para o senhor detectar nenhum problema...” Mas achei que não pegaria bem, afinal ele é o profissional, não eu!

Mais vinte segundos. Esse foi o tempo que ele precisou para assinar uma guia para um exame médico laboratorial, um tal de PSA, e se despedir de mim com um “passar bem”.

Ou seja, em menos de um minuto e meio, eu estava de volta à recepção onde as mesmas pessoas me olhavam com cara de “foi bom pra você?”

Meu jovem médico de família me orientou a fazer novo exame de toque e novo PSA a cada ano. Agora que estou com quase quarenta e seis já é hora de marcar um retorno ao urologista.

Mas, preocupadíssimo que sou com minha saúde, resolvi fazer o exame de três em três meses. Melhor prevenir do que remediar, não é?