BLITZ: NÃO SOUBERAM ME AMAR

Vamos começar pelo jabá. Sim, porque a estória dessa coluna tem a ver com o objeto deste!


Estreei a peça “Apareceu a Margarida”, um solo de teatro da melhor qualidade e feito com o maior empenho (eu me elogio mesmo!)  O privilegiado espaço onde tal performance acontece todo sábado à meia-noite é o alternativo (porém limpinho, honesto) Parlapatões!

Montar essa peça é um sonho há 28 anos e, como em toda estreia (ainda mais uma tão esperada) é obrigatório um BRINDE que seja! Concordam?

Tim-tim!!!

Eu sou super a favor das leis secas & blitz & tudo o que possa inibir esse bando de carniceiros que se alcooliza bravamente e sai por aí a atropelar e matar pessoas inocentes. 

Mas eu estou longe de ser um deles. Primeiro porque não costumo beber e, segundo, porque NÃO COSTUMO BEBER (não bebi, só estou reafirmando uma verdade!)

Mas era minha estreia e foi inevitável resistir a uma taça de vinho importado. Aí fiz a peça. Oitenta minutos de texto solo e eu não esqueci nenhuma palavra (ou seja, eu não estava mesmo bêbado). No final da apresentação, os aplausos (sim, só tinha amigos na plateia) e saímos pra jantar.

Não é que, ao redor das 3 da manhã, ao voltar para a casa, fui cruelmente pego por uma blitz (composta por uma gente horrorosa)?  Eu normalmente já tenho medo de polícia. Não por ter nada a temer. É algo gratuito mesmo. Acho que o policial existe pra me sacanear e que, um dia, um deles vai parar meu carro e plantar alguma droga lá só pra me ver sofrer! Isso é a cara deles.

Uma vez, no Rio dos anos oitenta, eu saía de uma apresentação teatral no Baixo Leblon quando um fusca com 3 ou 4 animais da PM me pararam, arrancaram a mochila que eu tinha nas costas, jogaram tudo o que tinha dentro no chão e saíram reclamando que eu não tinha nenhuma droga – provavelmente para consumo deles. Quando me vi de quatro na calçada, pensei: “esses fdp deveriam me proteger, não me humilhar...”

Mas eu juro que UM DIA eles morrem. Todos eles.

Dessa vez, em plena Consolação, um PM bem mal-encarado já foi gritando comigo:

- Que que é??? Não me viu acenar pra você??? Ia me atropelar, é??? (sim, era essa a minha vontade...)

Devo dizer que meu anjo da guarda trabalhou fortemente naquela noite. Sim, eu não portava qualquer documento do carro (há quase 2 anos fui roubado e ainda não tirei segunda via), minha carta está vencida e cassada (não nessa ordem) por conta das 223 multas e 1400 pontos que eu tenho (acho que o CET colocou uma câmera na porta da minha garagem e, cada vez que eu vou sair, eles gritam uns ao outros: ELE VAI SAIR, VAMOS PEGÁ-LO, FOTOGRAFEM-NO CORRENDO HÁ MAIS DE 42 KM POR HORA...)

Eu rezo pra esse pessoal do CET, todos os marronzinhos, todo o pessoal do DETRAN e dos órgãos-cacetes similares MORREREM LOGO, porque essa máfia está me fazendo perder a alegria de dirigir.

Não bastasse a falta de documentação do carro, a falta da carta com prazo de validade adequado, o número excessivo de multas e consequente pontuação na carteira, ainda o catso do BAFÔMETRO acusou a excessiva numeração de 21 pontos.

Queriam me multar (muuuuuuuuuuito!!!)
Queriam tirar meu carro.
Queriam me levar preso.
Queriam me autuar como alcoólatra.

Queriam.

Até que chegou o horário das 5 da manhã e eles lembraram que o turno deles havia acabado. Olharam pra mim e disseram:

- Pega teu carro e some. Você ganhou o seu dia.

E, assim, voltei lindamente pra casa depois da minha estreia no teatro – bem como nos anais das blitz policiais que, definitivamente, não soube me amar!