RENAULT

Performance teatral para lançamento do Clio 1.0 16 Válvulas
com Angela Dip e Marcelo Mansfield

Evento a ocorrer durante o jantar entre os jornalistas. À certa altura, entra nosso ator (Marcelo Mansfield). De microfone em punho, num tom entre engraçadinho e irônico, ele começa a se mover elegantemente por entre as mesas, criando um clima de amizade e bem-estar entre os jornalistas. Neste primeiro momento, Marcelo se mostrará totalmente dono da situação, cheio de si, enumerando - por vezes - um ou outro ponto técnico em relação ao carro. A idéia é que ele seja confundido ora com um mestre-de-cerimônias, ora com um executivo da empresa. Pelo menos, por enquanto...


MARCELO:  Boa noite, muito boa noite, olha que beleza! Todo mundo aqui, cheio de força de vontade, disposição e alegria para comemorar o lançamento do novo RENAULT CLIO 1.0 16 VÁLVULAS. Estou percebendo de antemão a carinha descansada e feliz de quem acordou às 6 da manhã, encarou avião, ônibus, jegue, pau-de-arara pra chegar aqui em São Roque, assistir palestra, fazer test-drive, comer voando, dormir correndo para estar novamente em pé às 6 da manhã do dia seguinte e começar mais um lindo dia. (PAUSA) Uffff! Tô muito feliz por vocês... Eu sinceramente acho que o verdadeiro jornalismo automobilístico brasileiro está sendo escrito exatamente agora e exatamente por vocês.


(adquirindo um tom teatralmente formal)


E por falar nisso, já que estamos falando do RENAULT CLIO 1.0 16 VÁLVULAS e já que "potência" é o grande diferencial deste carro (dramaticamente), tenho que confessar que eu estou um caco... Na verdade, para quem tinha uma apresentação hoje eu fiz algo que não deveria ontem à noite: saí para jantar com uma amiga... aliás, mais do que uma simples amiga, uma amiga muuuuito especial...


Enfim, nos encontramos para um drink, depois fomos jantar num restaurante elegante. Comemos muito bem. Ela, aliás, comeu por três! Inclusive tivemos até que pedir um chá de losna para ajudar a digestão... Depois, saímos de lá e, enquanto decidíamos se íamos dançar ou parar numa conveniência para tomar um “Dan Up” frutas vermelhas, eu distraidamente entrei numa rua sem calçamento, às escuras... Chovia um pouco, aquela chuvinha romântica de fim de verão. Mas se vocês pensam que esse clima favoreceu o romance, estão enganados, porque eu logo percebi que estava murcho... (se liga) o pneu estava murcho... Foi o tempo de descer, abrir o porta malas e perceber que eu não tinha nem chave de roda e nem macaco... Meu carro é uma dessas banheiras americanas, pesadas, não é um carro jovem, com design bonito e moderno como o RENAULT CLIO 1.0 16 VÁLVULAS... Desenroscar um parafuso daquele tamanho sem um bom instrumento propício a isso é fogo... Pra complicar, a chuva aumentou e a rua ficou um lamaçal daqueles. Olha só que situação horrível: rua escura, sem macaco, sem chave de roda, chovendo...  e eu ali, vendo minha amiga, um tipo mignon, fragilzinha, coitada... olha, até agora não sei como foi que aquela mulher conseguiu trocar o pneu!


Só sei que, quando eu vi, já passava das três da manhã... Fiquei desesperado porque, afinal de contas, hoje eu tinha ensaio, prova de roupa, tinha cabeleireiro, manicura, depilação do buço...


Bom, três da manhã...  À essa altura do campeonato, minha amiga também já estava bastante preocupada. A coitadinha tinha que pegar logo cedo no “Lava Rápido”. Sim, ela trabalha num lava-rápido, mas ela é muito feminina, cheirosa e ninguém pode dizer que ela não seja limpinha!


Como estava muito tarde eu fiquei com pena de deixá-la num ponto de ônibus e resolvi levá-la pra casa. E não pensem que era pertinho, era a 6ª parada depois do Cemitério da 4ª Parada! Aí... sabe como é, a coisa do "sobe para um último drink" acabei dormindo por lá mesmo. O que a gente não faz por uma BOA pessoa, não é mesmo?


Portanto eu não temo em afirmar que esse carro que vocês conheceram hoje reúne em si mesmo todas as conhecidas e afamadas qualidades de um carro da Renault: o design, a potência de um motor de 16 válvulas, e mais os diferenciais que só um RENAULT CLIO 1.0 16 VÁLVULAS tem, como (enfatizando) o acelerador eletrônico, o controle do rádio na coluna da direção, duas versões de carroceria - "Hatch" e "Sedan" - e a melhor performance de sua categoria. Ainda por cima, é sóbrio, elegante, delicioso de dirigir. É praticamente assim... uma coisa assim... como eu diria, assim? Totalmente superlativa, percebem?


Mas sua principal característica é mesmo a POTÊNCIA e, se vocês me permitem, vou falar agora exatamente sobre isso, algo tão importante para nós, homens: a POTÊNCIA! 

Como o pessoal Renault me pediu pra falar alguma coisa sobre isso, o que fiz? Fui para um desses mecanismos de busca da Internet a fim de procurar exatamente tudo o que se relaciona à POTÊNCIA. Chegando lá, o que encontrei? Tudo, tudo, tudo sobre... IMPOTÊNCIA. Clínicas e mais clínicas especializadas em impotência masculina. Remédios, fórmulas mágicas, jurubebas, porangabas, ginko bilobas, rezas...


Inclusive, se alguém aqui sofre disso ou de dificuldade de ereção, disfunção erétil ou qualquer outro tipo de distúrbio sexual eu posso indicar vários lugares que são especializados em prótese peniana, administração de Viagra, apoio psicológico... (encarando seriamente a platéia)  Alguém gostaria de se colocar quanto a isso? Vamos lá, sem constrangimentos, estamos entre amigos...  Bem, se alguém sentir necessidade de se abrir, a gente pode colocar o assunto para debate! Existem tratamentos ótimos pra isso... Dispositivos de constricção à vácuo, por exemplo, é uma maravilha... Não há o que uma boa sucção não faça....


(Nesse exato momento, entra nossa atriz, Ângela Dip, muito bem arrumada, porém completamente "esbaforida". A intenção é passar a ideia de alguém que, à caminho do evento, foi vítima de vários contratempos. A primeira intenção com a chegada de Ângela é provocar alguma confusão no ambiente, deslocar sutilmente nosso apresentador e, à medida que o tempo passa, sublinhar um embate verbal bem-humorado entre os dois, através de suas diferenças de opinião e postura)


ÂNGELA (entrando e procurando algum lugar para sentar, que já estará previamente reservado a ela):  Ai, me desculpe o atraso... Dá licença?! (deixa cair uma pasta no chão, criando um flash de mal-estar)  Oh, hoje é dia... Acordei atrasada, meu cachorro fugiu, a empregada pediu as contas, perdi o avião,  só falta chover... 


MARCELO: A senhora está bem?


ÂNGELA (respondendo numa só respiração):  Bem? Gente, eu só queria saber quem foi o gênio que inventou fazer esse encontro aqui em São Roque? O hotel é lin-do, mas até chegar aqui eu parecia um movimento de translação: girando em torno de mim mesma. Quando resolvi pedir informações, foi numa dessas vinícolas e aí me deram o tal do o vinho licoroso, aliás indecoroso, Lacrima Christi e eu fiquei até meio louca, não sabia se cuspia, se engolia... um horror!  Que pena que eu perdi o início... ainda dá para jantar?  Desculpe-me o incômodo, pode continuar!


MARCELO: Bem... eu falava da potência do...


ÂNGELA (falando para si mesma) aquele guarda cretino, tenho vontade de matar....


MARCELO: Como disse?


ÂNGELA: Desculpe, mas é que eu não estou aguentando de ódio, depois de tudo que eu passei (hora, cachorro, empregada, avião, Lacrima Christi...), quando eu já estava pertinho fui parada por um... (com ódio) desses guardas que se acham sempre certos. Disse que eu estava dirigindo desatentamente. Ah, não tive dúvida. Disse pra ele: "me multe que eu te processo por calúnia e difamação". Ora, essa gente de farda é muito impertinente...


MARCELO (sem graça): Minha senhora, eu acho que este não é o momento de...


ÂNGELA (continuando, sem escutá-lo, vai dividindo seu drama com todo mundo)  Ele ficou irritadíssimo, insistindo em ver minha carta de motorista. Eu disse: "Ora, seu guarda, não estou encontrando... Segure aqui meu batom e meu pó-compacto que eu vou procurar no fundo da bolsa, na pochete, na necessàire, no porta-luvas, no porta-malas... em algum lugar tem que estar, né?"


MARCELO (para a audiência): É muito provável que o guarda a tenha parado por vê-la se maquiando enquanto dirigia...


ÂNGELA (taxativa): Claro, eu não podia chegar aqui que nem um jaburu! Então, eu enfiei o pé no acelerador. Como que fugindo mesmo, eu tenho tanto medo da polícia!!! Também não é pra menos, a gente ouve cada coisa, não é? Aí o tal guarda me alcançou e quis me multar só porque eu estava correndo. Eu disse que ele é que tinha que dar o exemplo. "Parabéns, seu guarda, o senhor devia estar a pelo menos 150 km/h para ter me alcançado..."


MARCELO (irônico): Belo comportamento o seu!!!


ÂNGELA: O que eu poderia falar? "Desculpe, seu guarda, eu sempre disfarço quando vejo um desses iguais ao senhor. Eu diminuo a marcha e faço cara de inocente, só que hoje passei batida..."


MARCELO (enfático): Eu não acredito no que eu estou ouvindo. Vocês estão vendo? Ainda quer ter razão. Isso até me faz lembrar uma piadinha que diz que, depois de bater na traseira de um carro, o motorista se justifica com o guarda que registra a ocorrência, dizendo: "A mulher fez sinal que ia virar à esquerda... E não é que virou mesmo?"


ÂNGELA: Não... peraí... eu enquanto mulher e enquanto fêmea não posso ouvir isso calada. O homem nem sinal dá, meu chapa. Mas sempre culpa a mulher quando o assunto é trânsito.


MARCELO: Olha eu não queria entrar no mérito da questão mas não podemos negar, estatisticamente, o número de acidentes de trânsito é infinitamente maior com mulheres à direção.


ÂNGELA: Pode até ser maior, porém o estrago geralmente é (imitando-o) "infinitamente"  menor. Mulher esbarra aqui, esbarra ali, mas não provoca muitos danos. O homem - megalomaníaco que é - quando dá pra bater o carro já arrasta junto mais uns cinco... Esse papo que mulher é ruim na direção é mito. A gente se preocupa em ser bonita, inteligente, malhada e, ainda por cima, boa motorista.


MARCELO: Se preocupam à toa, jamais conseguem.


ÂNGELA:  Geralmente, quem gosta de mulher discorda de você!


MARCELO: Ora, minha senhora, eu até gosto de mulher. Meu tipo preferido, inclusive, é mulher baixa, que trabalha em lava-rápido, posto de gasolina, que pega no pesado, faz uma boa faxina lá em casa... Evidentemente, eu prefiro carros. Podemos, inclusive, estabelecer uma comparação entre essas duas coisas tão usadas pelo homem: carros e mulheres. Veja bem, o Sedan, por exemplo, tem a bunda bem gordinha. Pra quem é chegado numa retaguarda é um prato cheio. O Kangoo então, uhhhhhhhhh!!!! O Scénic tem um rabão maior... com todo o respeito! Tem quem curta segurar num Mégane gostoso, ahhhh se tem!


ÂNGELA: Eu acho que, em relação a carros, a mulher - ao contrário do que parece - é bem mais exigente do que o homem. Não é qualquer porcaria que a agrada. Para nós, desempenho é fundamental: se não rolar um bom motor, a coisa pode ir por água abaixo. Se a direção não for hidráulica e bem firme, nada feito. Ela prefere os tipos dotados de injeção eletrônica multi-ponto sequencial. Caso contrário, meu bem, ela puxa seus freios ABS e cai fora!


MARCELO: Todo homem aprecia um bom par de air bags volumosos, tração nas 4 rodas, bancos reguláveis em profundidade e amortecedor para fortes impactos. Sem se esquecer da suspensão dianteira, da suspensão traseira e de um belo console central. Se o modelo é usado, com alta quilometragem rodada, é bom que esteja com os pneus bem calibrados. Isso certamente ajuda a manter um baixo custo de manutenção e baixa frequência das revisões periódicas.


ÂNGELA: (maliciosamente) Bem , agora eu vou tocar naquele ponto polêmico... O TAMANHO...  do carro influi no seu desempenho?


MARCELO: Bem, isso depende do carro... Se a senhora tem um desses modelos com muitos anos de uso e que mal conseguem sair da garagem, sim...


ÂNGELA: Eu pergunto isso porque tamanho é importante, percebe? Essa coisa de carro pequeno me dá a impressão de que não existe um bom espaço no porta mala... E o senhor deve saber que uma mala... pequena... não adianta pra muita coisa!...


MARCELO: Com certeza! Mas eu posso garantir pra senhora que o tamanho da mala é bastante suficiente.


ÂNGELA: Sinceramente, o senhor diria que consegue chegar ao destino final sem falhar?


MARCELO: Sem dúvidas! E o melhor de tudo é ir além do esperado. Sabe aquele momento em que você acha que é impossível dar mais? Aquele momento em que você acha que já atingiu o pico? As expectativas são sempre melhores, daí é que vem o item "fidelidade"... A senhora costuma dirigir mais de um carro ou é fiel ao seu?


ÂNGELA: Depende... Eu sou uma profissional, tenho minhas necessidades. Não posso ficar dependendo de um apenas. Tento ser fiel na medida do possível. Se, de repente, eu pego um que falha, eu sinto muito, mas eu encosto e pego outro. Eu sei que falhar é triste, mas eventualmente acontece com todo mundo! Não posso deixar de fazer o que tenho que fazer por causa de um problema mecânico. O pior é que nem todo mundo tem dois ou mais. A maior parte das pessoas só conta com aquele seu... às vezes mais antigo, às vezes, mais novinho. Eu felizmente tenho mais de um. E costumo trocá-los sempre que possível!


MARCELO: A senhora já experimentou... o nosso?


ÂNGELA: Ainda não, mas estou louca para experimentar. Quero descobrir várias coisas... como o manejo do câmbio, por exemplo: eu gosto de pegar num câmbio e fazê-lo cumprir seu papel. Se o câmbio for muito duro, já fica mais difícil, né?


MARCELO: A senhora não tem medo de estourar a válvula??


ÂNGELA: Só se o pistão estiver fora do lugar...


MARCELO: E se começar a bater pino?


ÂNGELA: Eu encaro uma ré de frente!


MARCELO: Tem que estar atento pra não andar com o filtro de ar vencido!


ÂNGELA: Se for o caso, uma paradinha não custa nada... Agora se estiver em ordem, engata uma terceira, e vai fundo!


MARCELO: Cuidado, a pastilha pode estar gasta!


ÂNGELA: Nem pensar... nada como uma boa lubrificada...


MARCELO: Às vezes tem que frear depressa!


ÂNGELA: É sempre bom testar os freios, pra prevenir! Por falar em prevenção...


MARCELO: Fundamental! Tudo hoje em dia deve ser feito com segurança. Direção segura é fundamental. Não só por você, mas por quem está com você naquele momento; é se respeitar e respeitar o seu acompanhante.


ÂNGELA: Bonito isso... Tô toda arrepiada!!! A prevenção de hoje evita a encrenca de amanhã!


MARCELO: E existe encrenca maior que machucar a lataria??


ÂNGELA: Meu funileiro cobra caro para dar uma geral...


MARCELO: Manda pro martelinho... um tapinha não dói... (canta) "um tapinha não dói, só um tapinha..." (enlouquecendo)  Meu Deus, a senhora me fez perder a compostura, o fio da meada, eu estava falando do novo RENAULT CLIO 1.0 16 VÁLVULAS para esta seletíssima plateia de jornalistas especializados e me entra essa louca desvairada... e ficamos nesse papo sem pé nem cabeça... perdão, senhores, pelo comportamento dessa sua colega... Por falar nisso, de que veículo a senhora é?


ÂNGELA: Veículo? Bem, eu tenho um Monza 86 e um Chevetinho 77 que é meu xodó.


MARCELO: Estou falando em veículo de comunicação: jornal, revista, TV, de que planeta a senhora foi ejetada?


ÂNGELA: Mas do que o senhor está falando, afinal?


MARCELO: Estou finalizando minha apresentação neste evento de lançamento do RENAULT CLIO 1.0 16 VÁLVULAS!


ÂNGELA: Evento da RENAULT???  CLIO, o carro???  Ohhhhhhhh, meu Deus... eu entrei na convenção errada. Eu sou da Avon...


MARCELO (PAUSA):  Oh, eu sabia que alguma coisa estava errada. Que alívio saber que a senhora NÃO PERTENCE ao nosso círculo. Queira me acompanhar, por favor. Vou mostrar onde é a saída ....da cidade...


(Marcelo e Ângela vão saindo)


ÂNGELA: Falando nisso, o senhor não gostaria de conhecer nossa linha de produtos Avon? 


MARCELO: Não muito obrigado, mas faço questão de oferecer-lhe uma garrafa inteira do Lacrima Christi made in São Roque, que a senhora vai gostar, ahhhh se vai...


ÂNGELA: Não... não... por favor, qualquer coisa menos isso!!!


(AMBOS SAEM. FIM)